Projeto
desenvolve estratégias para regular a temperatura corporal de atletas durante
atividades
Debora Bringsken
A
tecnologia sempre esteve presente em diversos segmentos do nosso cotidiano, e o
seu desenvolvimento vem gerando grandes benefícios para os seres humanos. Nas
iniciativas esportivas, sua influência tem aumentado consideravelmente com o
passar do tempo. Mesmo em técnicas já praticadas há anos, a atual tecnologia é
capaz de influenciar bastante na maneira do público enxergar o esporte e a
prática dele pelos atletas. Vale ressaltar que, quando as organizações evoluem,
o atleta tem um meio mais ideal à prática, aperfeiçoando os resultados como um
todo.
Historicamente,
sempre dominou no meio esportivo uma cultura respaldada em experiências
bem-sucedidas. Na maioria das vezes, gestores e até treinadores eram ex-atletas
que propagavam as práticas em suas épocas de esportistas profissionais. Nas
últimas três décadas, houve um avanço considerável na tecnologia esportiva, assistida
pelo evidente progresso na performance dos praticantes. O professor Cristiano
Lino Monteiro de Barros, da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da
Universidade Federal de Uberlândia (Faefi/UFU) e coordenador do projeto de
termorregulação para atletas de esportes de alto rendimento, dá o exemplo
clássico do futebol. “Na Copa do Mundo de 1970, as
atividades eram baseadas em corridas longas – quatro, cinco,
seis quilômetros – ao redor do campo, exercícios abdominais,
flexões e polichinelos, além dos treinamentos técnicos e táticos. Hoje, os
treinadores da seleção brasileira de futebol são capazes de elaborar sessões de
treinamento, individualizadas a partir da distância percorrida
pelos atletas, individualmente, durante um jogo, e analisam seus comportamentos durante
a partida por meio de um sistema de GPS. Após os
jogos, exames simples de coleta de sangue permitem avaliar qual jogador está
mais desgastado e necessita de mais tempo de recuperação.
Além disso, com a termografia, é possível inferir
possíveis locais de lesão muscular”, afirma o professor.
De
acordo com Barros, deve-se destacar a descoberta das grandes
empresas
no que diz respeito ao poder da divulgação de seus produtos, quando
relacionados a um ídolo esportivo ou a uma
equipe de sucesso. Dessa maneira, é impossível se pensar em
prática esportiva independente de mecanismos tecnológicos, pois são eles que,
acompanhados de profissionais habilitados para compreender suas informações,
têm contribuído consideravelmente com o avanço
do esporte.
Barros
tem trabalhado, juntamente com uma
equipe de professores, em projetos relacionados à utilização de recursos
tecnológicos em esportes de alto rendimento em ambientes quentes. O mais
recente deles é a construção de uma câmara ambiental, dentro da qual é possível
simular espaços quentes, semelhantes aos que os atletas são submetidos em
torneios. Tal projeto é fruto da parceria entre os Laboratórios
de Fisiologia do Exercício da UFU e da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Com
um espaço de 9 m² no interior da câmara, é possível criar situações de competição
utilizando aparelhos para isso, como bicicletas ergométricas e esteiras.
“Durante a realização do exercício, podemos mapear várias alterações
fisiológicas que ocorrem durante a prática do exercício no calor, como
a
temperatura corporal, a respiração, os batimentos cardíacos
e a
sudorese, bem como alguns parâmetros sanguíneos”,
explica Barros.
A
intensão do projeto é trazer a prática esportiva dos atletas à realidade
climática do local onde treinam
ou competem.
“Pensando no clima quente de nossa região, somado aos efeitos evidentes do
aquecimento global, preparar os atletas para suportarem melhor essas condições
adversas será de grande utilidade, tanto aos
treinadores como aos próprios esportistas”,
esclarece Barros.
Desportista
durante teste de salto vertical em plataforma de força, no Laboratório de
fisiologia do Exercício da UFMG