terça-feira, 30 de setembro de 2014

Tecnologia a favor do esporte

Projeto desenvolve estratégias para regular a temperatura corporal de atletas durante atividades

Debora Bringsken

                A tecnologia sempre esteve presente em diversos segmentos do nosso cotidiano, e o seu desenvolvimento vem gerando grandes benefícios para os seres humanos. Nas iniciativas esportivas, sua influência tem aumentado consideravelmente com o passar do tempo. Mesmo em técnicas já praticadas há anos, a atual tecnologia é capaz de influenciar bastante na maneira do público enxergar o esporte e a prática dele pelos atletas. Vale ressaltar que, quando as organizações evoluem, o atleta tem um meio mais ideal à prática, aperfeiçoando os resultados como um todo.
            Historicamente, sempre dominou no meio esportivo uma cultura respaldada em experiências bem-sucedidas. Na maioria das vezes, gestores e até treinadores eram ex-atletas que propagavam as práticas em suas épocas de esportistas profissionais. Nas últimas três décadas, houve um avanço considerável na tecnologia esportiva, assistida pelo evidente progresso na performance dos praticantes. O professor Cristiano Lino Monteiro de Barros, da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal de Uberlândia (Faefi/UFU) e coordenador do projeto de termorregulação para atletas de esportes de alto rendimento, dá o exemplo clássico do futebol. “Na Copa do Mundo de 1970, as atividades eram baseadas em corridas longas – quatro, cinco, seis quilômetros – ao redor do campo, exercícios abdominais, flexões e polichinelos, além dos treinamentos técnicos e táticos. Hoje, os treinadores da seleção brasileira de futebol são capazes de elaborar sessões de treinamento, individualizadas a partir da distância percorrida pelos atletas, individualmente, durante um jogo, e analisam seus comportamentos durante a partida por meio de um sistema de GPS. Após os jogos, exames simples de coleta de sangue permitem avaliar qual jogador está mais desgastado e necessita de mais tempo de recuperação. Além disso, com a termografia, é possível inferir possíveis locais de lesão muscular”, afirma o professor.
            De acordo com Barros, deve-se destacar a descoberta das grandes empresas no que diz respeito ao poder da divulgação de seus produtos, quando relacionados a um ídolo esportivo ou a uma equipe de sucesso. Dessa maneira, é impossível se pensar em prática esportiva independente de mecanismos tecnológicos, pois são eles que, acompanhados de profissionais habilitados para compreender suas informações, têm contribuído consideravelmente com o avanço do esporte.
            Barros tem trabalhado, juntamente com uma equipe de professores, em projetos relacionados à utilização de recursos tecnológicos em esportes de alto rendimento em ambientes quentes. O mais recente deles é a construção de uma câmara ambiental, dentro da qual é possível simular espaços quentes, semelhantes aos que os atletas são submetidos em torneios. Tal projeto é fruto da parceria entre os Laboratórios de Fisiologia do Exercício da UFU e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
            Com um espaço de 9 m² no interior da câmara, é possível criar situações de competição utilizando aparelhos para isso, como bicicletas ergométricas e esteiras. “Durante a realização do exercício, podemos mapear várias alterações fisiológicas que ocorrem durante a prática do exercício no calor, como a temperatura corporal, a respiração, os batimentos cardíacos e a sudorese, bem como alguns parâmetros sanguíneos”, explica Barros.

            A intensão do projeto é trazer a prática esportiva dos atletas à realidade climática do local onde treinam ou competem. “Pensando no clima quente de nossa região, somado aos efeitos evidentes do aquecimento global, preparar os atletas para suportarem melhor essas condições adversas será de grande utilidade, tanto aos treinadores como aos próprios esportistas”, esclarece Barros.

                                           Atleta faz teste para avaliar desempenho físico



           Desportista durante teste de salto vertical em plataforma de força, no Laboratório de fisiologia do Exercício da UFMG

0 comentários:

Postar um comentário